sábado, 6 de agosto de 2016

Raven e seus causos #3: Assediada por um senhor de 60 anos

   Aloha, queridos amigos e leitores. Estou de volta e desisti de falar dos motivos que me fazem sumir, não farei mais promessas que não posso cumprir também. Como muitos sabem, já que o corvo mencionou no último post, estou jogando Pokémon GO e esse post é mais ou menos relacionado a isso. Não vou começar com minhas usuais piadinhas sem graça ou risadas extravagantes, porque o que tenho que falar não é lá muito divertido.

Foto meramente ilustrativa, não se trata desse senhor especificamente.
   Esse causo inicia-se comigo passeando em um praça da cidade onde estudo. Já que era uma tarde ensolarada de 30 graus, encontrava-me de regata e short jeans. Decidi estar simples, porque tinha em minha posse um ovo de 5 km e isso requer caminhar pra caraio.

   Enquanto capturava um Rattata no conforto da sombra de uma das árvores, um senhor de idade se aproximou de mim, falando pra eu tomar cuidado, pois a árvore estava carregada de frutas que pareciam mais com cocos (mas não sei de qual fruta se tratava) e que, há alguns dias, uma delas tinha caído na cabeça de outra mulher. Infelizmente, sempre respondo pessoas de idade com um grande sorriso no rosto e, talvez, esse tenha sido meu pecado.

   Ele começou elogiando minha boa educação, que era difícil encontrar jovens que escutem os idosos e etc. Contou que estava viúvo e chorava muitas vezes por sentir falta da companhia e beleza de sua falecida esposa. Fez-se de coitado para que eu sentisse dó e fizesse companhia. Por eu ser uma idiota de coração mole, me senti triste por ele e, ao invés de continuar andando, emprestei meus ouvidos.

   Esse senhor, ao perceber minha receptividade, aproveitou-se para prolongar a conversa, puxando outros assuntos, em sua maioria, fofocas. Porém, a prosa começou a ficar mais densa e mais difícil de ser tolerada. Por exemplo, a história de seu vizinho "loirinho" casado com uma "loirinha orgulhosa" que o traiu com um "negão", como insistia em dizer. "Sou católico, não acredito nessas coisas, mas parece até que ele tinha feito um feitiço nela, é difícil de acreditar", lembrando que seu posicionamento era de incredulidade. Quando ele se mostrou racista, meu sorriso passou a ter um aspecto mais torto, como quando nos forçamos a sorrir ao estarmos onde não gostaríamos.

Praça da cidade onde estudo.
   Ele foi me contar do filho que traiu a esposa "que parece uma princesa" por uma "pioienta" de 21 anos, baixinha, gordinha e feia. "As garotas de hoje em dia são muito fáceis", afinal, ela que era solteira tinha mais culpa que o rapaz que era casado. O tempo e o espaço ficaram confusos pra mim, parecia que ele não ia parar de falar nunca e a sensação era de que ele estava cada vez mais perto de mim.

   Ele contou sobre uma vizinha, que seria minha chará, "uma garota belíssima, branquinha, mas você não vai acreditar! Ela é gay!", ele contou abismado. Eu apenas comecei a encarar o vazio.

   Não sei se o meu desconforto era muito óbvio, mas outro senhorzinho passou a circular perto da gente e a encarar o meu assediador. Eu só queria sair de perto dele, tudo que ele fazia já estava me irritando, até mesmo sua mania de tirar o chapéu, creio que o santo não bateu.

   Ele passou a falar de suas ex namoradas. Mas, pera, ele não chorava pela esposa? "Se as pessoas acham que eu permaneci virgem durante esses cinco anos, não vou mentir, eu tive as minhas namoradas, eu namorei muito hahahahahaha", ele começou a passar a mão em meu braço, com frequência.

   "Ela era branquinha e tinha o cabelo escuro igual ao seu", disse passando a mão em meu cabelo. E eu já estava trêmula. 



   "Eu dava dinheiro para ela, ela nunca pediu, mas ela não quis devolver uma foto minha, lembrança de quando eu era jovem, isso quer dizer que, mesmo ela tendo 31 e eu 60, ela sentia algo por mim, certo?", segurou minha mão, que estava pousada em minha coxa, logo, a dele passou a estar lá também. Obviamente, me reposicionei. Mas, com tudo que estava acontecendo, eu não conseguia nem falar direito e, quando falava, não sabia bem o que estava dizendo.

   "Nossa que tatuagem bonita! O que é?", disse alisando minha coxa, onde se encontra a tal tatuagem, o que me causou ânsia e nojo. O ódio começou a subir enquanto eu tentava imaginar como que um gesto de educação conseguiu me meter nesse tipo de situação.

   Quando eu insisti que tinha que ir, "ah, não converse mais um pouco comigo", disse, segurando minha mão. Eu reforcei que precisava almoçar e ele ofereceu pagar algo pra eu comer e uma cervejinha, mas rebati falando que não bebo e que já tinha comida na pensão que moro. Ele queria que eu fosse visitá-lo em sua casa, ou "mansão" (como fazia parecer), insistia que eu fosse, dizia que tinha uma igreja evangélica logo em frente e apertava forte minha mão, não deixava eu me soltar. 

   Após 30 minutos nesse pesadelo que parecia não ter fim nunca, ele só me deixou ir após eu fingir que anotei o número de celular dele. Tive que fazer todo um teatro, dizendo que ia ligar sim, mas (obviamente) não o farei e jamais irei visitá-lo.

   Eu sei que eu pareço patética, também me sinto um pouco assim, um pouco humilhada por não ter tido uma reação boa o suficiente, mas apenas não sabia o que fazer. Simplesmente não consegui ser grossa ou durona com alguém de idade e não sei informar se foi mais pelo choque ou por educação com os mais velhos mesmos. Em todo caso, na minha cabeça, tudo que eu queria era empurrá-lo e sair correndo, ou mandar ele a merd*.



   Eu não havia feito mal a ninguém, nem nada de errado, apenas saí para capturar alguns Pokémons e chocar um ovo no jogo. Afinal, a culpa foi minha? O que você teria feito de diferente? Estou aberta a conselhos, críticas, ou qualquer coisa do gênero. Aguardo os comentários de vocês e desculpa o post longo.

2 comentários:

  1. Pqp que nojo. Esse cara merece uma surra. Sinto muito por vc passar por isso, situação que não deveria ocorrer com ninguém, estou puto sabendo que esse lixo certamente já se aproveitou e vai continuar a se aproveitando das mulheres que respeitosamente vão parar e dar um pouco de atenção para suas conversas lisa porém podre.
    Ninguém está a salvo. O mundo jás no maligno. Se precisar de alguma coisa pode contar comigo. Alivie seu coração com pessoas de sua confiança amigos namorado e etc. Fica aqui o meu registro.

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    1. Muito obrigada pelo apoio, Kalebe. Infelizmente, não pude fazer nada no dia em questão, por causa do choque, mas ficarei mais atenta. Mas fico chateada por ter que tomar essa precaução e, talvez, acabar ignorando um senhor que apenas queira companhia, sabe? :/

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